
Postado dia 04/04/25 | 7min. de leitura
Largo do Campo Grande: conheça esse emblemático lugar
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Também conhecido por Largo 2 de Julho, o Largo do Campo Grande é uma das maiores, mais bonitas e emblemáticas praças de Salvador. Sua história também faz jus a tamanha grandeza, já que foi sede de eventos marcantes, como batalhas entre portugueses e brasileiros em datas precedentes à Independência do Brasil.
Visitar o Campo Grande é uma ótima opção de lazer em Salvador. O espaço histórico e cultural é repleto de natureza, com árvores centenárias que sombreiam a área, criando uma atmosfera perfeita para passar uma tarde com a família.
Nos dias atuais, é o local onde estão monumentos e equipamentos importantes, como o Teatro Castro Alves, o Monumento ao 2 de Julho, o Palácio da Aclamação, o Passeio Público e o Teatro Vila Velha.

Sua localização privilegiada também proporciona passeios ao lindo Corredor da Vitória e seus importantes museus, ao vizinho bairro da Graça, onde estão as duas igrejas mais antigas da cidade, e ao centro histórico mais famoso do país, onde se encontra o Pelourinho.
Sem contar sua importância e tradição no carnaval de Salvador, tendo sido palco da abertura oficial deste evento magnânimo em 2025.
Conheça mais sobre esse emblemático lugar!
Por Márcio Vasconcelos de O. Torres
Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com
Momentos históricos marcantes do Largo do Campo Grande em Salvador

Construído com o nome de Campo de São Pedro nos primeiros anos do séc. XIX, o Largo do Campo Grande ganhou grande impulso com a chegada da Família Real e da corte portuguesa ao Brasil em 1808, quando passou a bairro nobre e viu florescer imponentes edifícios e moradias pomposas.
O fato de estar bem próximo ao Forte de São Pedro, local onde ocorreram importantes eventos durante as batalhas da Independência do Brasil na Bahia, o inseriu como parte de um contexto inflamado entre brasileiros e portugueses, no periodo de 1821 e 1823.
Ao final do séc. XIX, a praça foi cortada ao meio formando um vale profundo e se tornou o Campo Grande que conhecemos hoje, quando recebeu inclusive, o Monumento ao Caboclo em homenagem aos heróis da luta pela Independência do Brasil na Bahia. Já em 1912, viu o palacete da família Moraes se transformar no magnífico Palácio da Aclamação, obra realizada no governo de J. J. Seabra.
A partir de 1949, foi construído o Hotel da Bahia, um dos mais luxuosos e importantes da cidade, bem como edifícios residenciais de alto padrão.
Nesse mesmo período, o Campo Grande se tornou o circuito Osmar, o mais antigo e tradicional do carnaval de Salvador. Em 1967, recebeu a inauguração do Teatro Castro Alves, que o sacramentou como importante centro cultural da cidade.
O que fazer no Largo do Campo Grande: 5 lugares para visitar
Passear no Largo do Campo Grande em Salvador é uma oportunidade de se encantar com o belo arquitetônico, com a história e paisagens que estão entre as mais lindas da cidade.
Confira seus principais pontos turísticos!
1. Teatro Castro Alves

O Teatro Castro Alves é um dos mais importantes centros artísticos do país e não poderia ter sido construído em local mais oportuno.
Atualmente, o teatro possui uma Sala Principal, que costuma receber grandes espetáculos, como peças teatrais e shows musicais. Há também a Sala do Coro, um espaço menor que recebe até 200 pessoas, proporciona encontros artísticos e apresentações menores.
Outro destaque do Teatro Castro Alves é a sua Concha Acústica, um belo anfiteatro capaz de receber até 5 mil espectadores e cujo ambiente ao ar livre impressiona pela qualidade acústica.
A “Concha”, como os baianos costumam chamá-la carinhosamente, já foi palco de grandes artistas nacionais e internacionais e todos os anos apresenta ótimo calendário.
2. Monumento ao 2 de Julho
Inaugurado na área central do Campo Grande em 1895, o Monumento ao 2 de Julho (também conhecido como Monumento ao Caboclo e Monumento da Independência da Bahia) é um dos mais espetaculares do Brasil.
Foi esculpido sob a liderança do italiano Carlo Nicoliy Manfredini, sendo os candelabros e o gradil fabricados em 1891 em Pistoia, os mosaicos, em Pietrasanta, as águias, o Caboclo e a coluna, em Roma.
Em estilo neoclássico, foi esculpido com três tipos de matéria-prima: mármore de Carrara, ferro fundido e bronze.
O monumento inteiro possui 25,86 metros de altura. Seu mastro principal, que traz o Caboclo no topo, é feito de bronze. Tal figura representa os brasileiros e está munida de arco, flechas e lança, aprisionando um dragão aos seus pés, uma referência à tirania portuguesa.

O pedestal foi construído em mármore Carrara e possui detalhes em ferro fundido, com dois corpos e uma escadaria. No corpo inferior e abaixo da coluna estão duas estátuas: uma feminina representando a Bahia e a outra, a tupinambá Catarina Paraguaçu, esposa do náufrago português Diogo Álvares “o Caramuru”.
Considerada matriarca do povo brasileiro, a figura de Paraguaçu está armada com um escudo, onde se lê “Independência ou Morte”.
Mais abaixo estão duas esculturas que simbolizam os dois rios mais importantes em território baiano: o São Francisco e o Paraguaçu. Neste nível, ainda se pode ver esculturas de águias e leões, que significam liberdade e república e onde se lê locais e datas de batalhas dos brasileiros contra os portugueses, como a do Cabrito, de Cachoeira, do Funil, de Itaparica e de Pirajá.
As laterais do pedestal apresentam inscrições onde se formam nomes dos heróis da Independência. Também é possível observar alguns mosaicos que retratam momentos marcantes da história do Brasil, além da representação da Cachoeira de Paulo Afonso.
3. Passeio Público
O Passeio Público de Salvador é um dos lugares mais charmosos e encantadores da cidade, reunindo belíssima arquitetura colonial, jardins com árvores centenárias e um mirante com vista fantástica para a Baía de Todos os Santos. Um passeio por lá é como voltar ao séc. XIX, época em que era importante espaço de lazer e contemplação, utilizado pela nobreza de Salvador.

Foi inaugurado em 1810 pelo oitavo Conde dos Arcos, Dom Marcos de Noronha e Brito, época em que recebeu a instalação do Obelisco Dom João VI. Construído em mármore português, tal monumento é uma homenagem à passagem do Príncipe Regente D. João VI e da família real portuguesa por Salvador, em 1808.
O Imperador D. Pedro II lá esteve em 1859, quando parou em Salvador durante sua longa viagem pelo Brasil. Na ocasião, o Passeio Público recebeu as palmeiras imperiais e o coreto.
Em 1913, o governador J. J. Seabra mandou construir o Palácio da Aclamação, residência oficial dos governadores, reduzindo significativamente a área do Passeio Público, que ainda receberia o Teatro Vila Velha em 1964.
Atualmente, o espaço apresenta uma bela área verde com mais de 55 árvores seculares, nativas e exóticas, que estão identificadas por placas. A maior parte delas foi plantada no início do séc. XIX.
4. Palácio da Aclamação
O Palácio da Aclamação foi construído em 1913, pelo então governador da Bahia J. J. Seabra, como uma obra de ampliação do palacete da família Moraes para servir de residência oficial dos governadores baianos.
O edifício impressiona pela dimensão e também pela bela fachada em estilo neoclássico. Seu interior é ricamente adornado, com grandes painéis emoldurados, lindas esculturas e vasto acervo em mobiliário, cristais, bronzes, tapeçaria persa, francesa e diversas telas de pintores clássicos
5. Teatro Vila Velha
O Teatro Vila Velha é um produto da contracultura e também influenciado pela “Tropicália”, movimento artístico e cultural idealizado por artistas como Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé, Gilberto Gil e Maria Bethânia.

Seus fundadores eram alunos da Escola de Teatro da UFBA, que tinham como orientador e tutor o professor João Augusto. O show de estreia recebeu os ícones da Tropicália, que a este tempo, ainda não eram famosos.
O Teatro Vila Velha também marcou politicamente, abrigando movimentos sociais contra a Ditadura Civil Militar, que se deu a partir de 1964. Assim sendo, possui profunda raiz alternativa, sendo o berço de movimentos teatrais como o Grupo Teatro Livre da Bahia, e lançando para o Brasil atores como Lázaro Ramos.
Sob o slogan “vá ao vila velho”, o teatro Vila Velha possui uma Sala Principal, um café-teatro de nome Cabaré dos Novos, a Sala João Augusto, um espaço de ensaios chamado de Sala 2 e um foyer.
Bibliografia
AZEVEDO, Paulo Ormindo David de. IPAC-BA: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Salvador: Secretaria da Indústria e Comércio e Turismo. v.1. Monumentos do Município de Salvador, 1975-2002. 7v.
Onde se hospedar no Campo Grande, Salvador

Sem dúvida alguma, o grande destaque se tratando de hotelaria no Campo Grande é o fantástico Wish Hotel da Bahia, que inclusive, foi tombado como Bem Cultural do Estado da Bahia em 2010.
Além de ser um dos hotéis mais luxuosos da Bahia, possui em seu interior uma bela curadoria de arte, reunindo mais de 350 obras de grande relevância cultural e histórica, como alguns painéis sensacionais de Carybé e um mural de Genaro de Carvalho.
O velho hotel da Bahia, fundado em 1949, foi reaberto como Wish Hotel da Bahia em 2013, preservando muito da sua arquitetura original, referência em arquitetura modernista no Brasil.
Uma outra ótima opção bem mais em conta, é o Hotel Plaza Campo Grande, que não possui o luxo do Wish Hotel da Bahia, mas oferece ótimas acomodações e uma localização privilegiada, bem pertinho do Teatro Castro Alves.
Como chegar ao Largo
Campo Grande é um ponto destacado da cidade e recebe ônibus oriundos de diversos bairros de Salvador. A grande maioria das linhas percorrem toda a extensão da Orla Marítima e chegam até lá.
Mas contratar um transfer é excelente para quem deseja se deslocar em Salvador com mais conforto e segurança, sendo conduzido por motoristas profissionais que dirigem automóveis novos e climatizados.
Já que você chegou até aqui e descobriu as informações mais relevantes sobre o Largo do Campo Grande, confira também 3 passeios de barco em Salvador, para que sua viagem seja ainda mais completa!